segunda-feira, 11 de março de 2013

Dicas: Detalhes.


Os detalhes se usados com sabedoria enriquecerão a história tornando-a mais convincente. Se for mal usado, tornará a leitura truncada, desorganizada e cansativa. 
Em se tratando de uma obra de ficção (romance), tudo o que o escritor almeja é ser convincente em sua mentira. Saber mentir é o grau que todos escritores almejam alcançar. Para chegar a esse ponto, você precisará usar dos detalhes para convencer o leitor. Quando o leitor é convencido em ser levado pela história, ele relaxa e se entrega como uma criança que acreditará em tudo que lhe for dito. A riqueza de detalhes é a forma do escritor respeitar o leitor, e não dar um tapa na cara com situações pouco convincentes que fará o leitor largar o livro. Tudo dependerá da forma que for escrito.

"Grandes escritores constroem suas ficções esmeradamente com detalhes pequenos mas significativos que, pincelada por pincelada, pintam imagens que procuram retratar." (Francine Prose)
"O melhor é evitar descrever o estado de espírito do herói; você deve tentar deixá-lo claro a partir de suas ações." (Francine Prose)
Exemplos:
Você compreende imediatamente quando digo: "O homem sentou-se na relva." Compreende porque é claro e não faz nenhuma exigência à atenção. Por outro lado, não se entende facilmente se escrevo: "Um homem alto, de peito estreito, com uma barba ruiva, sentou-se na relva verde, já pisoteada por pedestres, ficou sentado em silêncio, acanhado, e olhou timidamente à sua volta." Isto não é imediatamente apreendido pela mente, ao passo que a boa escrita deveria ser aprendida de uma vez - num segundo.
Esse é um exemplo claro do excesso de detalhes fora de hora, e da frase longa e cansativa de ser lida. Chata, em outras palavras. Os detalhes devem estar diluídos no texto, imperceptíveis, fluindo com a suavidade da leitura, e mesmo assim, detalhes importantes que gerem ambientação, atmosfera e riqueza. Se você leu sobre parágrafos aqui no blog, perceberá que a frase chave é: Saber o ponto de equilíbrio no texto e revelar uma coisa por vez. O mesmo princípio se aplica aqui, nos detalhes. 
A descrição foi muito útil até meados do século XIX, quando os escritores ganhavam por páginas escritas. Assim, a tática de usarem detalhes e descrições excessivas era visando aumentar quantidade de páginas e arrecadar mais pela obra. Isso não é mais necessário. Antigamente o mundo não era muito conhecido, daí a necessidade de escritores detalhar como é uma banana trazida dos trópicos por exemplo. Hoje, em plena era da informação não é preciso entrar em detalhes tão medonhos.

Devo ressaltar aqui que há vários tipos de leitores e escritores, e você poderá esbarrar em exemplos do contrário daqui. Como o J.R.R Tolkien, que apela nas descrições, onde cada descrição se torna uma outra história dentro da história. Muitos leitores se mostram entusiasmados com esse tipo de leitura, e o mais Sensato então, seria analisar como se fazer dessa forma, e na melhor forma possível. Isso é trabalho para mestres, e até mestres exageram em alguns momentos. Para notar como é difícil essa técnica.
O detalhe bem empregado pode nos dizer muito de um personagem, um lugar ou uma situação. Aí vai da criatividade em escrever o detalhe e usando-o com um propósito.

Meu Exemplo:

O rapaz sentou sob o luar. Relaxou o corpo na grama do tradicional Central Park; enquanto amarra seus sapatos velhos e encardidos sua mente está longe, em lembranças sobre a Cindy (a garota que prometera voltar à Nova York um dia).
Eu posso pegar esse exemplo que criei e acentuar os detalhes do sapato para mostrar o quanto ele caminhou e viajou para chegar até ali. (obs: Não gosto de usar parênteses em textos literários. Usei aqui em cima para mostrar o quanto não cai bem também.)

 Sob o luar do Central Park, o rapaz se rende a sentar no gramado. Amarra com cuidado seu único par de sapato. O couro ralo, desbotado e a sola já desprendendo-se como se não houvesse remédio. Por anos e anos isso foi tudo o que seus pés calçaram. Primeiro, sentiu conforto, e com o tempo veio os desgastes e os calos. Ignorando os pés doloridos, seu pensamento avança pelos prédios ao longe, atrás de um nome de mulher. Cindy. Ela é a promessa que fez a si mesmo um dia voltar à Nova York.

Esse foi um exemplo que acabei de inventar e escrever aqui para ilustrar o significado que o detalhe do sapato deu ao pensamento dele na menina. Apesar da situação dele ser precária mesmo, ele só se importava em ver a garota. E o detalhe do sapato conecta o leitor de forma a sensibilizar-se mais com a situação do protagonista. (espero que tenha ficado bom esse exemplo) rsrs.
Esse pensamento serve também para descrever com detalhes uma emoção ao invés de dizer apenas: Ela sentiu culpa. Talvez fosse bom descrever o tipo de culpa numa comparação de uma breve história para ilustrar isso. Detalhes podem descrever também um sentimento, ou uma palavra como dor (por exemplo). Isso necessita esforço e planejamento para escrever. Atingir exatamente aquilo que quer atingir e usar na hora certa (que vai de cada um). Bom, o primeiro foi um exemplo de exagero de detalhes de uma outra autora, e serviu para analisar como não se deve fazer. E o outro exemplo apenas para ilustrar. Tentei mostrar a importância dos detalhes diluídos no texto. Espero que tenha ajudado.

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